O Centro Cultural PGE-RJ em parceira com o Sesc RJ promoveu, nesta quinta-feira (25/04), mais uma roda de conversa com o roteirista e escritor Jessé Andarilho. A analista Jaqueline da Silva Santos, representando o Sesc RJ, apresentou o escritor e sua equipe para os alunos das escolas Ciep Henrique de Souza Filho Henfil e Escola Carmela Dutra, convidados para o evento.
A servidora e membra da Comissão Especial de Combate ao Racismo Estrutural e Institucional da PGE-RJ, Isaura Santana, deu as boas-vindas a todos os participantes do evento. A servidora e membra da Comissão Especial de Combate ao Racismo Estrutural e Institucional da PGE-RJ, Karen de Souza, destacou que conheceu Jessé Andarilho, em setembro de 2023, quando o escritor lançou o livro Cadu Quer Brincar, nome de seu filho.
Jessé Andarilho falou para os alunos sobre a importância da escrita e o seu impacto na sociedade. Narrou sua história de vida pessoal que, em muito, se entrelaça com sua vida profissional. O autor contou que “repetiu a sétima série do ensino cinco vezes”, que sempre era “levado para direção”, que quando completou dezoito anos, foi prestar serviço militar obrigatório, e achou que lá aprenderia sobre militarismo, mas recebeu “uma vassoura e uma enxada”.
Vassoura e Enxada
Após sair do serviço militar foi trabalhar como assistente de obra, depois abriu um lava-jato na favela do Antares, onde foi criado, mas a ideia fracassou porque a favela não tinha automóveis. O jeito foi lavar o que tinha por lá, de bicicleta a cachorro. Até que um dia, uma antiga colega de ginásio passou por ele e ofereceu um livro, lido por Jessé num só fôlego.
Anos depois, comprou uma lojinha, onde começou a consertar computadores, fazer currículos e estampar blusas. Mas algumas pessoas não retornavam para buscar os equipamentos que tinham deixado para o conserto, foi então que teve a ideia de montar uma lan house com os equipamentos. O serviço que prestava para a comunidade foi matéria de um quadro na televisão.
Com o decorrer do tempo realizou o “sonho de sua mãe”, trabalhar de carteira assinada. Como o percurso da favela até o trabalho durava em torno de duas horas no trem, ele resolveu começar a escrever seu livro, foi assim que surgiu o livro “Fiel”. Hoje, o livro é vendido nos Estados Unidos, Japão e outros países. Esta foi a primeira de muitas outras obras escritas por Jessé.
Durante o período da pandemia, reuniu alguns exemplares de livros e criou uma biblioteca numa banca de jornal em frente a um posto da polícia militar. Logo o posto policial foi desativado e ele ocupou o espaço com livros. Assim surgiu a primeira unidade da biblioteca do Marginow. Jessé anunciou que em breve haverá o lançamento da segunda unidade no Centro do Rio de Janeiro, em parceria com a Prefeitura do Rio.